EULÁLIA: A "Boa palavra" ou O QUE ARTE CURA

EULÁLIA: A "Boa palavra" ou O QUE ARTE CURA
Divulgação de um caminho: A Escrita Cura Criativa

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Balanço dos retiros de Outono com Amalgama

                                                       Alifan Djanov
Em paragem para renascer, depois dos dois primeiros retiros (Estremoz e Lagos) e preparando os dois próximos (Porto em Janeiro e Açores em Fevereiro), um balanço:

Foram estes dias vividos em permanente sentimento de gratidão mútua, por estarmos ali juntos, no tempo e fora dele, em silêncio interior, em permanente observação do que sentíamos, mas sem julgamento.
   
                                                                 Isaev Mikhail

As refeições foram tomadas comunitariamente e em silêncio, em comunhão, na presença de orações poemas, como foi o caso da Oração ao Pão de Guerra Junqueiro.

                                                                  (autor não identificado)

Os tons destes encontros foram: o retiro, o silêncio, o movimento dança, o corpo e a consciência pela observação, a companhia amorosa do irmão alimento e toque massagem, a  respiração e a palavra poesia oração.
Estivemos em diálogo permanente com o corpo e as sensações, atentos ao milagre da vida e da respiração. Consciente.
                                               Pyotr Alexandrovitch Nilus

Bebemos por todos os poros o ar temperado de Deus ou Natureza, como cada um lhe quis chamar.
Estiveram sempre presentes, na nossa memória agradecida, aqueles de quem descemos. Uma parte da nossa consciência esteve com eles no passado presentificado, outra parte, ou talvez a mesma, no interior dos nossos corredores internos, células e natureza circundante. Começando pelos corpos, a natureza mais próxima, sempre presente, impossível de alienar.
Os conceitos, partilhados em reflexão ou textos, foram sempre questionáveis e questionados, mas recebidos em estado de receptividade e abertura à experiência, à novidade.
Estivemos pressentes como frutos ou sementes de um Outono fora e dentro de nós.
Recebemos para semear.
As palavras mais partilhadas foram: identificar, colher, colheita, escolher, recolher e partilhar.
O Outono, como tempo de colheita, é filho do livre-arbítrio e da liberdade, já que para colher é necessário fazer escolhas. A colheita não tem um carácter indiscriminado. É fruto da observação. Sem julgamento. O agricultor não censura a azeitona por não ter crescido, não acusa a romã por ter caído.
                                                         Alexander Volkov
Houve convite ao pensamento metafórico, simbólico, paradoxal e poético. Talvez quase sinónimos.
Os dois retiros, apesar do propósito comum, foram muito diferentes, os espaços também nos moldam e desafiam. Apesar de um programa que sempre se cumpriu, cada espaço traz consigo a imprevisibilidade da vida que o tempo por ali escorreu.
                                                     Alexander Vetrov

Ir ao encontro de espaços novos é ampliar a consciência, trazer espaço para dentro de nós e trazer consciência para os espaços: pelo prazer da alimentação consciente, pelo toque, pela dança, pela poesia.
Em cada retiro cada um de nós criou a sua oração poema que levou consigo para o futuro, como amuleto poético ou palavra de poder.
                                                         
                                                             Maximilian Voloshin

Trabalho alquímico que vamos fazendo sobre rodas, sobre ar.
Até já, Porto. Até já, Açores. Até já, espaços desconhecidos que nos (a)guardam sem que o saibamos. Ainda. Podem chamar-nos. Iremos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

ORAÇÃO



No tempo em que a folha
enrubesce,
eu
Stellaria
saúdo todas as coisas
iluminadas
criadas e incriadas
reais e imaginadas.
A minha oração acolhe
todos os pássaros
e outros seres num código
confundidos.
Saúdo todas as crianças
visíveis e invisíveis
porque só a inocência existe.
Saúdo todas as partes

e todos os poros
e todos os povos
e todos os todos,
e o todo
e tudo.
Eu Stellaria
saúdo
a força da falésia
o movimento da rocha
o equilíbrio do mar
o colo da areia
e
o branco azul rosa amarelo das nuvens.
Eu Stellaria
acolho
os dias
inspiro odores
colho os frutos
e partilho a polpa
suculenta e viva
respirando-a
em todas as direcções
como rosa
inspiradora
dos cata ventos.

(Oração criada no retiro de Lagos)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

No pós-retiro, ainda sentindo o silêncio:

Uma oração em forma de poema


Zabdiel amado
alívio de meu ser
versão melhor de mim
de Deus presente
no amor pelas coisas
não vistas:

Como três cordas unidas
te vejo
em todos os lugares
do coração.

Do centro do olhar
contigo
recito e oro
testemunha do ouro
em mim.

A ti ofereço este objecto
de fé.
Podes colhê-lo
levá-lo
sentar-te sobre ele
desfolhando penas
que em voo irão.
Agradeço como
sendo já
porque já
É.

Escrever curativamente

 Respirar para criar:



Retiro de Outono no convento de Estremoz

Quando a escrita criativa se cruza com os pontos de cura.
Sobre uma folha simbólica, o encontro: o poema oração e os pontos de pressão da mão: pulmão, coração.... Respiração, emoção.

Retiro de Outono no convento das Maltezas em Estremoz


Em tempo de desfolhamento e colheitas:

escrita recolha
sobre folha


Retiro de Outono no Convento das Maltezas, em Estremoz

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Da alma aos pés




Assim foi. Vinte maravilhosas alunas de dança da Escola Superior de Motricidade Humana, impulsionadas por uma também maravilhosa professora. Parabéns ao Unitygate - Plataforma Internacional De Workshops., e seus colaboradores por mais esta ponte. Grata também pela companhia da Catarina.

Fizemos um trabalho de Escrita Cura Criativa no âmbito do estudo-criação de um projeto mais amplo que tenho vindo a desenvolver há anos e que pode designar-se como "Corpo, Literatura e Consciência". Desta vez inclinámo-nos e aprofundámo-nos sobre os pés.


E então o pé falou

e então

o grito

o castiçal aflito

e o vidro puro explodiu em

mil passos

e eu

nua

órfã de pés

ouvi e não

duvido

o pé falar.

E disse:

Não é de hoje que te procuro e sigo

é de sempre meu caminho e tu

ainda

hoje tão distante.

Em teu ritmo de passada fresca

presa atada às pedras pelos pés

que eu sou

alheia ao rebentar

do mundo

e sem vontade

de cantar.

Arde-te o corpo na fuga

e eu na espera

te persigo

e sigo. Ao pé de ti ausente e estranha

do pé que eu sou

sem que saibas

suo e subo

tuas fragas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Workshop de Escrita Cura Criativa no âmbito do Unitygate


Hoje, em Oeiras, onde estarei com a Escrita Cura Criativa na Faculdade de Motricidade Humana. No âmbito do Unitygate - Plataforma Internacional De Workshops.
17h – 18h30
Orientador: Risoleta C. Pinto Pedro
Uma outra forma de encarar a escrita criativa. Partindo de princípio de que a criação é um dos mais poderosos instrumentos universais de cura.Com recurso a audição de textos, leituras, dores e alegrias, realidade e fantasias, exercícios de estilo, respiração, jogo, corpo sentidos, contos e cantos, recontos e recantos. Numa relação sensual com a matéria-papel em vários formatos, texturas e dimensões
Another way of looking at creative writing. Starting from the principle that the creation is one of the most powerful healing instruments. Listening to texts, readings, pains and joys, reality and fantasy, style exercises, breathing, game, body, feelings, tales and songs, retellings, nooks and crannies. A sensuous relationship with paper into various shapes, textures and dimensions.
Inscrição - 25€
Info&Reservas: (+351) 919 580 569 • (+351) 912 020 798 • (+351) 912 248 775
Email: unitygate.info@gmail.com

https://www.facebook.com/events/442695359202376/

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Reabilitando o mestre







Este, o auto-retrato de Bertolt Brecht, quase tão pessimista (outros chamar-lhe-iam realista) como o de Bocage: "Já Bocage não sou...".


DO POBRE B. B.



Eu, Bertolt Brecht, venho da Floresta Negra.


Minha mãe, quando ainda andava no seu ventre,


Levou-me para a cidade. E o frio da floresta


Estará dentro de mim até que na morte eu entre.



Nas cidades de asfalto estou em casa. Desde o início


Abastecido com os últimos sacramentos:


Jornais, tabaco e aguardente.


Desconfiado, contente e preguiçoso até ao fim.



Sou gentil com as pessoas. Uso


um chapéu de coco porque é costume andar assim.


Eu digo: estes animais têm um cheiro estranho.


E digo: isso não importa, eu também tenho.



Pelas manhãs, na minha cadeira de balouço


Uma mulher ou outra às vezes faço sentar


E observando-a calmamente lhe digo:


Em mim você não deve, você não pode confiar.



À noite, alguns homens reúnem-se à minha volta


E entre nós “gentlemen” é o tratamento vigente.


Colocam os pés sobre minha mesa


E dizem: tudo vai melhorar. E eu não pergunto: – quando ?




Na luz cinzenta da aurora mijam os pinheiros,


E seus parasitas, os pássaros, começam a gritar.


Por esta hora na cidade eu esvazio o meu copo,


Deito fora o charuto e vou dormir, inquieto.



Geração leviana, vamos viendo em casas


Que acreditávamos indestrutíveis. (Assim


Construímos caixotes na ilha de Manhattan


E as antenas compridas que conversam por cima do Atlântico. )



Dessas cidades, o que restará? O vento que por elas passa!


A casa faz o hóspede alegre, este esvazia-a.


Sabemos que somos provisórios e que depois de nós


Nada virá que valha a pena mencionar.



Nos terremotos do futuro eu espero


Não abandonar os meus charutos, nem achá-los amargos.


Eu, Bertolt Brecht, que fui trazido às cidades de asfalto,


vindo da floresta negra, no ventre de minha mãe, anos atrás.






***************************************************************






Mas... as mães têm um olhar colorido de rosa amor elevado. Podemos imaginar-nos aquela mãe que o trouxe no seu ventre até às cidades. A mãe não o veria assim, mas talvez desta outra maneira.


Poderia ser este o retrato do filho, feito pela sua mãe:















DO NASCIMENTO DE UMA ESTRELA:











Tu, Bertolt Brecht, trazido da Floresta Negra.


Por mim, tua mãe, quando inda andavas no meu ventre,


para a cidade. O verde da floresta


Estará dentro de ti até que o sol te eleve junto aos cumes.





Nas cidades de asfalto também estás em casa. Desde o início


Abastecido com os sagrados sacramentos:


amor, glória, inocência.


Derramado em fé, contente e talentoso até ao fim.





Gentil com as pessoas. Usas


um chapéu de rei porque é teu direito.


Eu digo: estas pessoas um dia acordarão.


E digo: e verão meu filho sentado sobre o sol.





Pelas manhãs, na minha cadeira de balouço


Uma mulher ou outra às vezes faço sentar


E observando-a calmamente lhe digo:


O melhor que te desejo é que tenhas um filho como o meu.





À noite, alguns homens reúnem-se à minha volta


E entre nós amor e vénia é o tratamento vigente.


Colocam-se aos meus pés como sempre fazem


E dizem: honrada serás tu entre as mulheres por seres sua mãe.









Na luz dourada do crepúsculo respiram os pinheiros,


E seus habitantes, os pássaros, começam a cantar.


Por esta hora na cidade eu esvazio o meu chá,


Fecho a janela ao pôr-do-sol e vou dormir no meu trono de mãe.





Geração de mim, vamos alicerçando as casas


Construímos crenças indestrutíveis. (Como altares


Na ilha de Manhattan


E as antenas suspensas por anjos acima do Atlântico. )





Nessas cidades, quem habitará? A tua voz que por elas passa!


A casa faz o hóspede alegre, tu conferes-lhe uma alma.


Sabemos que somos grandes e que depois de nós


Apenas a tua memória, meu filho.





Nos paraísos do futuro eu espero


Ver teu nome inscrito nos portais, e achá-los belos.


Por ti, Bertolt Brecht, trazido às cidades de asfalto para as elevar,


Vindo da floresta negra, no ventre de tua mãe, anos atrás.






(Adaptação por RCPP)


terça-feira, 19 de agosto de 2014

TRONO DOURADO I - O mais sólido elemento

    Literatura e imagem  
                        
CICLO: Os tronos

Sentada no chão, tendo acabado de ver um filme sobre a teoria das cordas, comecei a olhar para as coisas (ia dizer, por hábito, a realidade) à minha volta, e os meus olhos pousaram sobre o retrato de Ana Carlota, essa velha menina, pequena, de ar tão frágil, mas tão forte e sábia, que embalou uma parte da minha infância. Procurava olhar para além do retrato e ver as cordas, esses filamentos de energia que existem para além das aparências. Os cientistas já não conseguem expressar os conceitos com que estão a lidar apenas com o uso da linguagem científica, do latim e da matemática, há muito já que começaram a usar a linguagem poética, sobretudo a metáfora, o paradoxo e a dialética, ou oximoro dialético, se assim lhe quiserem chamar. Olhava para o retrato de Ana Carlota, essa que não precisava ouvir para me compreender, num mudo e eloquente diálogo, e pensava: Qualquer dia calam-se. Qualquer dia os cientistas ficam em pura contemplação muda perante a deslumbrante realidade que já quase tocam. À volta de Ana Carlota começou a desenhar-se um trono de luz dourada, cordas, filamentos, e já estava viva. Foi quando me ocorreu (disse-mo ela?) que o que eu precisava fazer agora era criar um trono para cada ser humano, um lugar dourado onde não entrasse a doença nem qualquer tipo de sofrimento, de onde todos pudessem contemplar a sua própria dor e a dos outros como uma suave brisa. Um sonho de menina. O trono dourado corresponde aos mais expressivos devaneios da minha infância. Quando lhe perguntei onde deveria guardar esses tronos, respondeu-me:
- Sobre o ar, o mais sólido elemento.
Resposta decidida, alheia a qualquer tipo de argumentação. Ana Carlota nunca me desiludiu. Assim farei.
Ocorreu-me então oferecer a esta rainha que me foi avó, sempre inclinada para o fogo do lar de onde extraía deliciosos aromas que transformava em sabores, a rainha de paus, em forma de agradecimento. Por tudo.
Encontrei-a a meio da respiração, esse trono de ar. Aqui, delicadamente, a pouso.



terça-feira, 3 de junho de 2014

Eulália: a propósito da etimologia de uma palavra

                                        Samia Nasser 


É pela boca que se salva o peixe
é pelo modo que a forma 
se eleva
se salva da selva ou
entra em selva de salva
eu
lalia
a voz
de avós
ou
bons modos
ao contrário
das modas
mel dizer
é
bom falar
só com olhos
bom olhado
belo olhar 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A propósito de "Rubaiyat" e de Omar Khayyam

A poesia enquanto meditação filosófica sobre a vida



O vasto mundo: um grão de areia no espaço.
A ciência dos homens: palavras. Os povos,
os animais, as flores dos sete climas: sombras.
O profundo resultado da tua meditação: nada.

Omar Khayyam



Para quem não sabe, aqui fica uma explicação simples:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rubaiyat

e um livro eletrónico, caso queira conhecer melhor:
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/rubayat.pdf




quarta-feira, 14 de maio de 2014

Do veredicto ao...

... veredacto:

                                                                Gyula Derkovitz

Ela conversava com o mestre. Ele explicava-lhe a diferença entre um e outro conceito. Ela não entendia muito bem. Ele multiplicava-se em exemplos, mais ou menos eloquentes. Ela sentia que estava lá perto, mas faltava qualquer coisa para agarrar a compreensão. A diferença é tão subtil, dizia ela, que me escapa.
Isto passava-se numa esplanada. O mestre estava sentado a uma mesa com um grupo de amigos. Ela estava em pé dando a mão a uma criança do sexo masculino. Era Primavera. Vento suave. Calor do bom.
Este diálogo sobre a diferença entre os conceitos de veredicto e de veredacto prolongou-se bastante.
Recorda-se nitidamente de, em relação ao primeiro conceito, ele empregar as expressões: "sentença, julgamento, apreciação, decisão e resolução". Não se recorda de uma única em relação ao segundo. Sabe que ele usou muitas frases, descrições, imagens e metáforas, mas não se lembra de nenhuma. O mestre era um antigo aluno, um aluno brilhante que sabia sempre tudo acerca de tudo. A criança era o seu filho. Ela era ela, digo, eu.

Só entendi a diferença entre as palavras "veredicto" e "veredacto" quando acordei do sonho.
Um sonho muito eloquente:
Já chega de sentenças, julgamentos, apreciações, decisões e resoluções. É tempo de passar do dito ao... acto. Com "c".
Não sei se o meu corretor não aceitava o "veredacto" por ter um "c" a mais ou por achar que a palavra não existia. Quando alguém quer chatear, qualquer pretexto serve. Mas teve de aceitar o dito "veredacto" porque lhe dei ordem para o adicionar ao dicionário. Já está. Por decisão minha e veredacto meu. A partir de hoje passou a existir na língua mais uma palavra. Passei da palavra ao acto. Com "c". Deram-me força o menino e o jovem. Arquétipos de acção. Com dois "cc".

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Declaro:


Sob o botão
mais viçoso
do ramo
mais formoso
da árvore frondosa
mais airosa
do jardim
a
guardo
me


E agora a sério:

A escrita automática, as temáticas, a filosofia, a estética, as narrativas.
Deliciosamente incontornável. Como diria o filósofo:

http://www.tvi.iol.pt/melhor-do-que-falecer/videos/melhor-do-que-falecer-episodio-16/14134442

quinta-feira, 8 de maio de 2014

De Rumi a Camões



                                                              foto R, Museu do Traje

"No inverno, os ramos nus
que parecem dormir
trabalham em segredo,
preparando-se para a primavera."

Rumi, n. 1207 na Pérsia

"O tempo cobre o chão de verde manto
Que já coberto foi de neve fria"

Camões, n. 1524 em Lisboa

Rumi era sufi, Camões era cristão, separam-nos três séculos e muitas léguas, mas têm um olhar irmão: aquele que vê a natureza como um livro sagrado de conhecimento onde todos podem ler, bastando para isso ter os olhos abertos e o olhar profundo. 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Sorridentemente

                                                              thislittleclassofmine.blogspot.com

Neste sítio se falará de letras, palavras e textos. Autores, livros e jogos. Com as palavras. É um blogue para brincar com a literatura, actividade que levo muito a sério. Sorridentemente.

O MEU CORRETOR ORTOGRÁFICO

                                                                     endicottdesigns



Fiquei cansada de lutar com ele. E pensando bem, não encontro razão para o fazer. Ao fim e ao cabo, é com ele que convivo todos os dias, tornou-se uma espécie de alter-ego. Até ao ano passado, ainda tinha a obrigação institucional de me adaptar ao acordo, enquanto professora, por causa dos alunos. Ficou-me o tique.

E como o meu corretor aceita umas novidades do acordo e discorda de outras, fico sempre na dúvida se hei-de concordar com o corretor ou com o acordo. É uma luta infinda. Como sou escritora e escrevo muito, é uma luta permanente. Mas o meu corretor ajudou-me. O material, como dantes ouvia dizer os grandes, tem sempre razão. Observando o seu comportamento, foi claro que se um simples corretor que não chega aos calcanhares dos humanos se dá ao luxo de ter caprichos e incoerências, porque não os hei-de ter eu? Se até sou uma mulher livre, uma vez que me divorciei do Ministério da Educação?! É verdade que lhe pago uma considerável pensão de alimentos, mas pronto, é o preço pela minha liberdade. 
Assim, baixei os braços, desisti da luta com esta entidade que me sublinha as palavras de vermelho segundo a inspiração do momento, e vou passar a escrever as palavras como bem me apetecer. Criando, em parceria com o meu corretor, o meu próprio acordo ortográfico. É que posso estar em desacordo com todos os acordos, mas comigo terei de concordar sempre. Mesmo na incoerência. Mesmo na imperfeição. Porque tenho toda a vantagem e interesse em dar-me bem comigo. E não há acordo e já não há Ministério nem sereia que me convençam do contrário.

terça-feira, 6 de maio de 2014

EULÁLIA ou O QUE ARTE CURA

É, ao mesmo tempo, uma terra que me foi berço e o nome de uma figura da mitologia cristã.
Como a maior parte das representações de santos, aparece em várias versões segundo as terras, as épocas, os artistas, mas tem algo em comum: o livro, a pena.
Efetivamente, Eulália (Eu-lalia) provém do grego e tem algo a ver com eloquência no falar, um bom discurso, qualidade de bom orador. "Eu" é um prefixo conotado com algo positivo, bom ou bem, "lalia" tem o significado de "fala".
Por todas estas razões (intelectuais e sentimentais), a escolhi para nomear este blogue que tem como propósito divulgar um trabalho na área da Escrita Criativa com uma dimensão Curativa que venho desenvolvendo há muitos anos como professora e escritora, mas com ênfase cada vez maior na dimensão curativa.
Na verdade, o trabalho criativo tem uma dimensão profundamente curativa e pretendo difundi-lo cada vez mais na vertente que melhor conheço que é a a literatura: oral e escrita.

Como cheguei aqui, alguns dados:

Licenciada em Literatura Românica, lecionou em várias escolas de Lisboa, nomeadamente nos últimos 14 anos da sua carreira na Escola Secundária Artística António Arroio.

Foi orientadora de estágio pedagógico (Português/Literatura) durante dez anos em várias escolas.

Desde 1994 começou a publicar romance, novela e conto (cerca de 17 publicações, até hoje) , de que destaca: A Criança Suspensa, Prémio Ferreira de Castro e O Aniversário, Prémio Revelação APE/IPBL.

Foi também premiada na poesia pela Sociedade de Língua Portuguesa.

Tem escrito artigos sobre outras artes, crónica, teatro, canção, ópera, cantata e musical e para dança. Colaboração com os compositores Paulo Brandão, Jorge Salgueiro e Amalgama Companhia de Dança.

Orientou escrita criativa na Associação Agostinho da Silva e tem conduzido workshops nesta área no festival internacional UnityGate, pontes entre o Oriente (a partir de Macau) e o Ocidente organizado pela Amalgama.

Na sequência de cerca de vários anos de aprofundamento em “Rebirthing”, fez formação nesta área na Escola Luso-Brasileira Marinélia Leal, e vem exercendo esta terapia desde 2011.

Fez ainda formações com: Leonard Orr, Bob Mandel, Fanny Van Laere e Sondra Ray.

Em 2014 fez formação em TACA com Bob Mandel.

Concebeu, criou e coordena o Curso “Cuidar” a funcionar na ESMTC, onde leciona as disciplinas de “Rebirthing e uma nova disciplina totalmente inédita :“Escrita Cura Criativa” que alia a sua vertente de curadora com a sua experiência de professora de literatura e escritora. Leciona duas das oito áreas de que se compõe o curso.

Com os seus alunos (na escola e nos cursos que vem ministrando) veio espontaneamente a apurar a sua experiência e prática de ensino da Escrita numa perspetiva ao mesmo tempo Criativa e Curativa, num formato absolutamente inédito e original em que as suas vertentes de terapeuta, escritora e professora estão presentes.

Fez ainda formações em outras áreas terapêuticas, diferentes, mas complementares:

Lise Bourbeau (Écoute ton corps), Rowland Barkley (As 12 fitas do DNA), Maria Flávia Monsaraz (1º ano de Astrologia do Quiron), Paulo Guerra (Astrologia Cármica), Jornadas de Medicina e Espiritualidade, Isabel Ferreira (Um curso em Milagres), Luísa Sousa Martins (Zen-shiatsu), Wong Kiew Kit e Deolinda Fernandes (Qi-Gong).

Em 2011 concluiu os Seminários I, II e III em Cura Reconectiva e Reconexão com o Dr Eric Pearl, sendo terapeuta certificada em cura Reconectiva e Reconexão.

Mantém um blogue literário:

http://aluzdascasas.blogspot.com/

outro de divulgação terapêutica:

http://diz-mecomonasceste.blogspot.com/

e ainda um site:

http://risoletacpintopedro.wix.com/risoletacpintopedro