EULÁLIA: A "Boa palavra" ou O QUE ARTE CURA

EULÁLIA: A "Boa palavra" ou O QUE ARTE CURA
Divulgação de um caminho: A Escrita Cura Criativa

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Da alma aos pés




Assim foi. Vinte maravilhosas alunas de dança da Escola Superior de Motricidade Humana, impulsionadas por uma também maravilhosa professora. Parabéns ao Unitygate - Plataforma Internacional De Workshops., e seus colaboradores por mais esta ponte. Grata também pela companhia da Catarina.

Fizemos um trabalho de Escrita Cura Criativa no âmbito do estudo-criação de um projeto mais amplo que tenho vindo a desenvolver há anos e que pode designar-se como "Corpo, Literatura e Consciência". Desta vez inclinámo-nos e aprofundámo-nos sobre os pés.


E então o pé falou

e então

o grito

o castiçal aflito

e o vidro puro explodiu em

mil passos

e eu

nua

órfã de pés

ouvi e não

duvido

o pé falar.

E disse:

Não é de hoje que te procuro e sigo

é de sempre meu caminho e tu

ainda

hoje tão distante.

Em teu ritmo de passada fresca

presa atada às pedras pelos pés

que eu sou

alheia ao rebentar

do mundo

e sem vontade

de cantar.

Arde-te o corpo na fuga

e eu na espera

te persigo

e sigo. Ao pé de ti ausente e estranha

do pé que eu sou

sem que saibas

suo e subo

tuas fragas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Workshop de Escrita Cura Criativa no âmbito do Unitygate


Hoje, em Oeiras, onde estarei com a Escrita Cura Criativa na Faculdade de Motricidade Humana. No âmbito do Unitygate - Plataforma Internacional De Workshops.
17h – 18h30
Orientador: Risoleta C. Pinto Pedro
Uma outra forma de encarar a escrita criativa. Partindo de princípio de que a criação é um dos mais poderosos instrumentos universais de cura.Com recurso a audição de textos, leituras, dores e alegrias, realidade e fantasias, exercícios de estilo, respiração, jogo, corpo sentidos, contos e cantos, recontos e recantos. Numa relação sensual com a matéria-papel em vários formatos, texturas e dimensões
Another way of looking at creative writing. Starting from the principle that the creation is one of the most powerful healing instruments. Listening to texts, readings, pains and joys, reality and fantasy, style exercises, breathing, game, body, feelings, tales and songs, retellings, nooks and crannies. A sensuous relationship with paper into various shapes, textures and dimensions.
Inscrição - 25€
Info&Reservas: (+351) 919 580 569 • (+351) 912 020 798 • (+351) 912 248 775
Email: unitygate.info@gmail.com

https://www.facebook.com/events/442695359202376/

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Reabilitando o mestre







Este, o auto-retrato de Bertolt Brecht, quase tão pessimista (outros chamar-lhe-iam realista) como o de Bocage: "Já Bocage não sou...".


DO POBRE B. B.



Eu, Bertolt Brecht, venho da Floresta Negra.


Minha mãe, quando ainda andava no seu ventre,


Levou-me para a cidade. E o frio da floresta


Estará dentro de mim até que na morte eu entre.



Nas cidades de asfalto estou em casa. Desde o início


Abastecido com os últimos sacramentos:


Jornais, tabaco e aguardente.


Desconfiado, contente e preguiçoso até ao fim.



Sou gentil com as pessoas. Uso


um chapéu de coco porque é costume andar assim.


Eu digo: estes animais têm um cheiro estranho.


E digo: isso não importa, eu também tenho.



Pelas manhãs, na minha cadeira de balouço


Uma mulher ou outra às vezes faço sentar


E observando-a calmamente lhe digo:


Em mim você não deve, você não pode confiar.



À noite, alguns homens reúnem-se à minha volta


E entre nós “gentlemen” é o tratamento vigente.


Colocam os pés sobre minha mesa


E dizem: tudo vai melhorar. E eu não pergunto: – quando ?




Na luz cinzenta da aurora mijam os pinheiros,


E seus parasitas, os pássaros, começam a gritar.


Por esta hora na cidade eu esvazio o meu copo,


Deito fora o charuto e vou dormir, inquieto.



Geração leviana, vamos viendo em casas


Que acreditávamos indestrutíveis. (Assim


Construímos caixotes na ilha de Manhattan


E as antenas compridas que conversam por cima do Atlântico. )



Dessas cidades, o que restará? O vento que por elas passa!


A casa faz o hóspede alegre, este esvazia-a.


Sabemos que somos provisórios e que depois de nós


Nada virá que valha a pena mencionar.



Nos terremotos do futuro eu espero


Não abandonar os meus charutos, nem achá-los amargos.


Eu, Bertolt Brecht, que fui trazido às cidades de asfalto,


vindo da floresta negra, no ventre de minha mãe, anos atrás.






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Mas... as mães têm um olhar colorido de rosa amor elevado. Podemos imaginar-nos aquela mãe que o trouxe no seu ventre até às cidades. A mãe não o veria assim, mas talvez desta outra maneira.


Poderia ser este o retrato do filho, feito pela sua mãe:















DO NASCIMENTO DE UMA ESTRELA:











Tu, Bertolt Brecht, trazido da Floresta Negra.


Por mim, tua mãe, quando inda andavas no meu ventre,


para a cidade. O verde da floresta


Estará dentro de ti até que o sol te eleve junto aos cumes.





Nas cidades de asfalto também estás em casa. Desde o início


Abastecido com os sagrados sacramentos:


amor, glória, inocência.


Derramado em fé, contente e talentoso até ao fim.





Gentil com as pessoas. Usas


um chapéu de rei porque é teu direito.


Eu digo: estas pessoas um dia acordarão.


E digo: e verão meu filho sentado sobre o sol.





Pelas manhãs, na minha cadeira de balouço


Uma mulher ou outra às vezes faço sentar


E observando-a calmamente lhe digo:


O melhor que te desejo é que tenhas um filho como o meu.





À noite, alguns homens reúnem-se à minha volta


E entre nós amor e vénia é o tratamento vigente.


Colocam-se aos meus pés como sempre fazem


E dizem: honrada serás tu entre as mulheres por seres sua mãe.









Na luz dourada do crepúsculo respiram os pinheiros,


E seus habitantes, os pássaros, começam a cantar.


Por esta hora na cidade eu esvazio o meu chá,


Fecho a janela ao pôr-do-sol e vou dormir no meu trono de mãe.





Geração de mim, vamos alicerçando as casas


Construímos crenças indestrutíveis. (Como altares


Na ilha de Manhattan


E as antenas suspensas por anjos acima do Atlântico. )





Nessas cidades, quem habitará? A tua voz que por elas passa!


A casa faz o hóspede alegre, tu conferes-lhe uma alma.


Sabemos que somos grandes e que depois de nós


Apenas a tua memória, meu filho.





Nos paraísos do futuro eu espero


Ver teu nome inscrito nos portais, e achá-los belos.


Por ti, Bertolt Brecht, trazido às cidades de asfalto para as elevar,


Vindo da floresta negra, no ventre de tua mãe, anos atrás.






(Adaptação por RCPP)


Como cheguei aqui, alguns dados:

Licenciada em Literatura Românica, lecionou em várias escolas de Lisboa, nomeadamente nos últimos 14 anos da sua carreira na Escola Secundária Artística António Arroio.

Foi orientadora de estágio pedagógico (Português/Literatura) durante dez anos em várias escolas.

Desde 1994 começou a publicar romance, novela e conto (cerca de 17 publicações, até hoje) , de que destaca: A Criança Suspensa, Prémio Ferreira de Castro e O Aniversário, Prémio Revelação APE/IPBL.

Foi também premiada na poesia pela Sociedade de Língua Portuguesa.

Tem escrito artigos sobre outras artes, crónica, teatro, canção, ópera, cantata e musical e para dança. Colaboração com os compositores Paulo Brandão, Jorge Salgueiro e Amalgama Companhia de Dança.

Orientou escrita criativa na Associação Agostinho da Silva e tem conduzido workshops nesta área no festival internacional UnityGate, pontes entre o Oriente (a partir de Macau) e o Ocidente organizado pela Amalgama.

Na sequência de cerca de vários anos de aprofundamento em “Rebirthing”, fez formação nesta área na Escola Luso-Brasileira Marinélia Leal, e vem exercendo esta terapia desde 2011.

Fez ainda formações com: Leonard Orr, Bob Mandel, Fanny Van Laere e Sondra Ray.

Em 2014 fez formação em TACA com Bob Mandel.

Concebeu, criou e coordena o Curso “Cuidar” a funcionar na ESMTC, onde leciona as disciplinas de “Rebirthing e uma nova disciplina totalmente inédita :“Escrita Cura Criativa” que alia a sua vertente de curadora com a sua experiência de professora de literatura e escritora. Leciona duas das oito áreas de que se compõe o curso.

Com os seus alunos (na escola e nos cursos que vem ministrando) veio espontaneamente a apurar a sua experiência e prática de ensino da Escrita numa perspetiva ao mesmo tempo Criativa e Curativa, num formato absolutamente inédito e original em que as suas vertentes de terapeuta, escritora e professora estão presentes.

Fez ainda formações em outras áreas terapêuticas, diferentes, mas complementares:

Lise Bourbeau (Écoute ton corps), Rowland Barkley (As 12 fitas do DNA), Maria Flávia Monsaraz (1º ano de Astrologia do Quiron), Paulo Guerra (Astrologia Cármica), Jornadas de Medicina e Espiritualidade, Isabel Ferreira (Um curso em Milagres), Luísa Sousa Martins (Zen-shiatsu), Wong Kiew Kit e Deolinda Fernandes (Qi-Gong).

Em 2011 concluiu os Seminários I, II e III em Cura Reconectiva e Reconexão com o Dr Eric Pearl, sendo terapeuta certificada em cura Reconectiva e Reconexão.

Mantém um blogue literário:

http://aluzdascasas.blogspot.com/

outro de divulgação terapêutica:

http://diz-mecomonasceste.blogspot.com/

e ainda um site:

http://risoletacpintopedro.wix.com/risoletacpintopedro