Em paragem para renascer, depois dos dois primeiros retiros (Estremoz e Lagos) e preparando os dois próximos (Porto em Janeiro e Açores em Fevereiro), um balanço:
Foram estes dias vividos em permanente sentimento de gratidão mútua, por estarmos ali juntos, no tempo e fora dele, em silêncio interior, em permanente observação do que sentíamos, mas sem julgamento.
Isaev Mikhail
As refeições foram tomadas comunitariamente e em silêncio, em comunhão, na presença de orações poemas, como foi o caso da Oração ao Pão de Guerra Junqueiro.
(autor não identificado)
Os tons destes encontros foram: o retiro, o silêncio, o movimento dança, o corpo e a consciência pela observação, a companhia amorosa do irmão alimento e toque massagem, a respiração e a palavra poesia oração.
Estivemos em diálogo permanente com o corpo e as sensações, atentos ao milagre da vida e da respiração. Consciente.
Pyotr Alexandrovitch Nilus
Bebemos por todos os poros o ar temperado de Deus ou Natureza, como cada um lhe quis chamar.
Estiveram sempre presentes, na nossa memória agradecida, aqueles de quem descemos. Uma parte da nossa consciência esteve com eles no passado presentificado, outra parte, ou talvez a mesma, no interior dos nossos corredores internos, células e natureza circundante. Começando pelos corpos, a natureza mais próxima, sempre presente, impossível de alienar.
Os conceitos, partilhados em reflexão ou textos, foram sempre questionáveis e questionados, mas recebidos em estado de receptividade e abertura à experiência, à novidade.
Estivemos pressentes como frutos ou sementes de um Outono fora e dentro de nós.
Recebemos para semear.
As palavras mais partilhadas foram: identificar, colher, colheita, escolher, recolher e partilhar.
O Outono, como tempo de colheita, é filho do livre-arbítrio e da liberdade, já que para colher é necessário fazer escolhas. A colheita não tem um carácter indiscriminado. É fruto da observação. Sem julgamento. O agricultor não censura a azeitona por não ter crescido, não acusa a romã por ter caído.
Alexander Volkov
Houve convite ao pensamento metafórico, simbólico, paradoxal e poético. Talvez quase sinónimos.
Os dois retiros, apesar do propósito comum, foram muito diferentes, os espaços também nos moldam e desafiam. Apesar de um programa que sempre se cumpriu, cada espaço traz consigo a imprevisibilidade da vida que o tempo por ali escorreu.
Alexander Vetrov
Ir ao encontro de espaços novos é ampliar a consciência, trazer espaço para dentro de nós e trazer consciência para os espaços: pelo prazer da alimentação consciente, pelo toque, pela dança, pela poesia.
Em cada retiro cada um de nós criou a sua oração poema que levou consigo para o futuro, como amuleto poético ou palavra de poder.
Maximilian Voloshin
Trabalho alquímico que vamos fazendo sobre rodas, sobre ar.
Até já, Porto. Até já, Açores. Até já, espaços desconhecidos que nos (a)guardam sem que o saibamos. Ainda. Podem chamar-nos. Iremos.
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